De refugiado no Uganda aos Olímpicos, tem carreira em risco por decisão de Trump

O Departamento de Estado dos Estados Unidos da América tomou a decisão de revogar os vistos de cidadãos do Sudão do Sul. A decisão atinge Khaman Maluach (18 anos), um jovem basquetebolista da Universidade Duke, na Carolina do Norte, que se encontra num impasse após o anúncio feito por Marco Rubio.

Maluach, o gigante de 2,18 metros do campeonato universitários dos EUA (NCAA), está habituado a dificuldades. Nascido em 2006, alguns anos antes do Sudão do Sul conquistar a independência, cresceu num campo de refugiados no Uganda, para onde fugiu para escapar à guerra civil no seu país natal.

Nos últimos anos, o basquetebol tornou-se um dos poucos motivos de união no Sudão do Sul. Luol Deng, antigo jogador da NBA, investiu massivamente no desenvolvimento deste desporto e construiu uma seleção forte, treinada por Royal Ivey, que participou nos Jogos Olímpicos de Paris, no verão.

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Maluach foi descoberto numa iniciativa organizada por Deng e, posteriormente, rumou aos Estados Unidos da América, para uma das melhores equipas de basquetebol da NCAA: os Duke Blue Devils. O poste africano acreditava que o período complicado da sua vida tinha terminado e que, através do desporto que pratica, conseguiria oferecer à sua família um futuro diferente.

Contudo, as coisas mudaram no sábado, 5 de abril, quando Rubio anunciou medidas restritivas como reação à recusa do Sudão do Sul em receber, em tempo útil, os cidadãos deportados dos EUA.

«É tempo de o Governo de Transição do Sudão do Sul deixar de se aproveitar dos Estados Unidos. A aplicação das leis nacionais de imigração é extremamente importante para a segurança nacional e para a segurança pública dos Estados Unidos. Cada país deve aceitar o regresso dos seus cidadãos em tempo útil quando outro país, incluindo os Estados Unidos, procura expulsá-los», disse Rubio. «Uma vez que o governo de transição do Sudão do Sul falhou em cumprir integralmente este princípio, a partir deste momento, o Departamento de Estado dos Estados Unidos tomará medidas para revogar todos os vistos detidos por sul-sudaneses com passaporte e para impedir pedidos subsequentes de entrada nos Estados Unidos por parte destes. Estaremos preparados para reavaliar estas ações quando o Sudão do Sul cooperar totalmente», lia-se no comunicado do Departamento de Estado.

O anúncio de Rubio surgiu pouco antes da meia-final da NCAA, na qual os Duke Blue Devils defrontaram os Houston Cougars. Os pupilos de Jon Scheyer estiveram perto da vitória, mas os texanos recuperaram de forma espetacular nos últimos minutos e venceram por 70-67.

Maluach jogou 21 minutos e marcou 6 pontos. Entretanto, a Duke publicou um comunicado sobre o anúncio de Rubio:

«A Universidade Duke está ciente do anúncio do Departamento de Estado relativamente aos titulares de vistos do Sudão do Sul. Estamos a analisar esta situação e a trabalhar rapidamente para perceber as implicações para os estudantes da Duke», afirmou a pentacampeã da NCAA, de acordo com o The Athletic.

Maluach tem de permanecer nos EUA: «Não pode sair porque depois deixaria de ter um visto válido»

Maluach não visita o seu país natal há 2 anos e não tem nenhum familiar consigo. Segundo Travis Murphy, um antigo diplomata americano, o jogador africano não pode sair dos Estados Unidos porque, em caso de revogação do visto, não poderia regressar. «Se estiverem legalmente no país e se o seu visto for anulado, então não podem sair do país. Têm de permanecer aqui nos Estados Unidos e não podem sair porque depois deixariam de ter um visto válido para entrar», explicou Murphy.

Na sua primeira época na NCAA, Khaman Maluach registou médias de 8,6 pontos e 6,6 ressaltos.